sábado, 3 de setembro de 2016

Doutrina da Revelação (parte 2)

Doutrina da Revelação (parte 2)
Texto: William Craig
Tradução: Jackson Leal (Os fragmentos em vermelho indicam os trechos que tive dificuldade ou não consegui apresentar uma tradução adequada)


Começamos na última vez discutindo os dois diferentes conceitos do que a revelação é – um conceito amplo e um conceito limitado ou mais restrito. Em sentido amplo “revelação” significa uma comunicação vinda de Deus. Isto é, algum tipo de palavra ou comunicação que veio de Deus falando algo para nós. Em um sentido estrito “revelação” significa o desvendar de algo escondido, o descobrir de algo desconhecido. É importante manter esses dois sentidos distintos porque enquanto a Bíblia é uma revelação no primeiro sentido, e a descoberta de Deus na natureza é revelação neste primeiro sentido (ou seja, uma comunicação da parte de Deus), nem toda a Bíblia é uma revelação naquele sentido estrito, ou seja, um desvendar de algo desconhecido ou previamente escondido. A profecia poderia ser um exemplo disso; o Livro de Apocalipse no novo testamento seria um exemplo disso. 

Porém, muito da Bíblia, como as cartas de Paulo a Filemon, não é uma descoberta de algo oculto, de uma informação secreta de Deus e, portanto, não é uma revelação naquele sentido estrito, embora o seja em um sentido geral e amplo.

Agora, em acréscimo àquela distinção concernente a definição de “revelação”, eu também faço uma distinção sobre dois tipos de revelação. Isto é diferente da definição. A definição de “revelação” é entre ampla e estrita. Mas, existem dois tipos de revelação: geral e especial. Expliquei que a revelação é geral em dois sentidos. Primeiro, ela provê informação sobre Deus que está geralmente disponível para todas as pessoas na história humana, independentemente do tempo e lugar no qual vivemos, está geralmente disponível. Também é geral em um segundo sentido, a saber, é uma informação geral sobre Deus. Não nos diz que Deus é uma Trindade, não nos diz que Jesus Cristo morreu na cruz por nossos pecados. Ela é geral no sentido que nos diz que existe um Deus Criador do universo que fez o mundo e perante quem somos moralmente responsáveis, porém, não nos diz muito mais em termos específicos. Nós vimos que na natureza e na consciência Deus é revelado deste modo.

Assim, a revelação geral primariamente assumo a forma de uma descoberta de Deus na natureza – isto é, na criação ao redor de nós – e também na consciência, como as leis morais de Deus estão escritas nos corações de todas as pessoas de modo que todos possuem um senso inato de nossa responsabilidade moral perante Deus e de nossas falhas para viver de acordo com as exigências da lei moral.


Funções da Revelação Geral

Chegamos agora ao terceiro ponto de nosso esboço, que é a função da revelação geral. Para que serve a revelação geral?
1. Para proclamar a gloria de Deus. Antes de tudo, é para proclamar a gloria de Deus. Salmo 19:1-4
Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite. Não há linguagem nem fala onde não se ouça a sua voz. A sua linha se estende por toda a terra, e as suas palavras até ao fim do mundo.

Aqui o salmista pensa a criação ao redor de nós, particularmente os céus e as estrelas e planetas à noite, como proclamando a gloria de Deus. Não de modo verbal, não existe nenhuma palavra audível falada, e ainda em um sentido desta mensagem do poder e glória criativa de Deus vai para o mundo inteiro. Assim, uma das funções fundamentais da revelação geral é proclamar e manifestar a gloria de Deus na Criação.

2. Tornar as pessoas moralmente culpáveis perante Deus. Em segundo lugar. A revelação geral torna as pessoas culpáveis perante Deus. Eu quero dizer moralmente culpado ou moralmente responsável. Observe o que Romanos 1:19 e 2:16 diz: “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou”. Paulo está falando aqui sobre a revelação de Deus na criação: o que pode ser conhecido sobre Deus é simples porque Deus o tem mostrado. Então no capítulo 2:15-16 ele diz:
Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os; No dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho.

Ali ele diz que o que pode ser conhecido sobre Deus é evidente através da revelação geral, os homens possuem a lei moral escrita em seus corações, e no dia do julgamento, quando Deus julgará os segredos dos corações dos homens, eles serão julgados por sua própria consciência, a qual os acusará ou desculpará baseado no modo como eles viveram conforme os padrões da lei moral de Deus.
Sobre a base da revelação geral as pessoas são acusadas diante deste criador do universo como moralmente culpadas, como pecadores, como pessoas que estão necessidades se seu perdão e limpeza moral. Jack Cottrell, em seu livro “O que a Bíblia diz sobre o Deus Criador” tem uma seção sobre esta função da revelação geral em tornar as pessoas culpáveis perande Deus, a qual eu lerei para vocês, página 342 em diante:

A Bíblia em lugar algum ensina que uma pessoa pode ser salva do pecado e condenação através de sua resposta à luz da criação apenas. A revelação geral simplesmente não nos dá nenhum conhecimento da redenção ou do redentor. Isto significa que as pessoas são condenadas na conta de sua ignorância? De modo nenhum. Isto seria muito injusto. Verdade, eles não conhecem o Evangelho, mas eles não são condenados por não conhecer o Evangelho. Por que então eles são condenados? Porque eles conhecem a revelação geral e não tem vivido de acordo com ela. Eles conhecem a Deus, e sabem que deveriam honrá-lo como Deus e dar graças a Ele, mas eles não fazem isto. Por isso eles são condenados. Não por causa do que eles ignoram, mas por causa do que eles sabem. Aqueles que não escutaram o Evangelho está além desse ponto.  Quando uma pessoa é condenada por seu abuso da revelação geral, a condenação é justa. A revelação geral nasce somente da obra da criação. Ela é uma revelação de Deus como Criador, não de Deus como Redentor. Ela fala para o homem como criatura, não como um pecador. Isto é como foi pretendido que funcionasse desde o início, e isto é como funciona ainda. Desde o início o homem tem sido capaz de responder positiva ou negativamente à revelação. Ao responder positivamente o homem é capaz de evitar a condenação. Ao responder negativamente o homem coloca-se debaixo da justa condenação de Deus. O fato é que a humanidade uniformemente responde negativamente e assim,  todos são indesculpáveis. Então isto significa que a revelação geral tem apenas uma função negativa? Que ela é apenas um obstáculo e não um escape? Não, colocar a questão deste modo é reeditar a falácia de que a revelação não é função da criação mas de alguma maneira ela tem a intenção proposital para o mundo pós-queda. O ponto é que a revelação geral não foi destinada a salvar (positivamente) ou condenar (negativamente). Ela foi intencionada apenas para o propósito positivo de declarar a glória de Deus, o criador, e dar orientação geral para as criaturas.

Assim como a função da criação, a função da revelação geral é proclamar a glória de Deus, manifestar sua existência e sua lei moral para as criaturas. Ela serve para tornar as pessoas culpáveis diante de Deus, por que eles não têm vivido de acordo com o padrão da revelação geral pela qual Deus julgará as pessoas que nunca escutaram o Evangelho de Cristo. Ela provê algumas respostas para perguntas como “o que dizer sobre aqueles que nunca escutaram o Evangelho?”. A resposta é que eles serão julgados relativamente com base na informação que possuem, não com base na informação que nunca receberam. Eles serão julgados com base na revelação geral. Esta é a informação pela qual eles são responsáveis, e eles são culpados por falharem em viver de acordo com ela.

3. Tornar a salvação através de Cristo universalmente acessível. O terceiro ponto é que não me parece que através da revelação geral alguém possa ter acesso a salvação providenciada por Cristo. Aqui eu penso que poderia provavelmente divergir um pouco do Professor Cottrell. Parece-me que através da revelação geral aqueles que nunca escutaram de Cristo podem ter acesso a salvação que Cristo conquistou na cruz. Veja o que Romanos 2:6-7 diz: “O qual recompensará cada um segundo as suas obras; a saber: A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção”. Eu considero ser uma genuína oferta que é estendida para todas as pessoas em todos os lugares. Se alguém seguir a orientação da revelação geral e procurar pela glória, honra e imortalidade, Deus dará a ele a vida eterna.

Isto significa que estas pessoas podem ser salvas a parte de Cristo? Não, de modo algum. Simplesmente significa que os benefícios da morte expiatória de Cristo seriam aplicados para aquelas pessoas sem que elas tenham um conhecimento consciente de Cristo. Isto aconteceu todo o tempo no Antigo Testamente. Veja no Antigo Testamento figura como Jó, Melquisedeque, e Abimeleque em Gêneses 20. Aqui você tem aqueles que as vezes são chamados “santos pagãos” do Antigo Testamento. Estas pessoas, quando você lê as histórias sobre elas, possuem evidentemente um relacionamento pessoal com Deus. Jó foi claramente um homem que agradava a Deus. Jó foi um homem justo. De modo semelhante, Melquezedeque foi chamado o sacerdote do Altíssimo. 

Abimeleque recebeu comunicação da parte de Deus, Deus revelou-se para ele. Ainda assim estas pessoas nunca tinham escutado de Cristo, e eles nem mesmo foram israelitas. Eles nem mesmo eram membros da antiga aliança, muito menos da nova aliança! Jó era de Ur na Caldéia; Melquizedeque não foi descendente de Abraão; Abimeleque foi um filisteu. Ainda assim eles parecem ter respondido à revelação geral reconhecendo que eles eram pecaminosos e culpados perante o Deus criador do universo e eles se lançaram sobre a misericórdia de Deus, confessando seus pecados, reconhecendo que eles não tinham como reivindicar justificação por meio de suas próprias boas obras ou vida santa, mas lançaram-se completamente na misericórdia deste Deus da criação, e Deus pode contar os benefícios da morte de Cristo, essa resposta para que pessoas apelaram para ele.

Embora seja possível, penso que tomamos Romanos 1 seriamente, temos que dizer que não muitas pessoas acessam a salvação por este modo. Não advogo nenhum tipo de amplo ou largo inclusivismo. Pelo contrário, penso que Romanos 1 nos dá todas as razões para ser pessimistas, e que poucos, se houverem, serão salvos através da revelação geral. Veja o que Romanos 1:20-25 diz:
Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.

O restante do capítulo segue falando como Deus entrega as pessoas ao pecado e como as pessoas se afogam a si mesmo em rebelião e degeneração moral contra Deus. Por que? Porque eles regeitaram a verdade sobre Deus que eles conheciam através da revelação geral e em lugar disso, voltaram para servir a adorar a criatura em lugar do Criador. Embora eu pense que seja possível para as pessoas terem acesso a salvação que Cristo conquistou na cruz através da revelação geral, eu sou muito pessimista de que existem muitas pessoas como estas. Parece que pessoas como Jó, Melquizedeque e Abimeleque poderiam estar nesta categoria, e eu realmente espero que Aristóteles estejam nessa categoria. Seria incrível ver Aristóteles no céu algum dia! Mas, não acho que podemos ter algum tipo de confiança nisto. Pelo contrário, a ineficácia abismal da revelação geral é um incentivo para a pregação do Evangelho e iniciativa missionária trazer a revelação especial da palavra de Deus para toda a humanidade.

4. Estabilizar a sociedade humana. A quarta função da revelação geral é firmar a sociedade humana. Na base da revelação geral temos um código moral comum que tende a permear a cultura humana, e isto proverá um tecido moral para a sociedade que evitará a erupção da anarquia moral, e cada homem fazer o que é certo aos seus próprios olhos. Sobre a base da revelação geral temos um tipo de efeito estabilizador que torna a civilização e sociedade humana possível por prover o código moral básico pelo qual os seres humanos podem viver.
Assim, a função da revelação geral, então, é primeiramente (1) proclamar a gloria de Deus; (2) tornar as pessoas culpáveis perante Deus; (3) prover acesso a salvação para aqueles que nunca escutaram o Evangelho de Cristo; e (4) estabilizar a sociedade humana.


Discussão

Pergunta: Apenas para esclarecer, você não estar tentendo para um modelo de cristianismo anônimo?
Resposta: O que você define como “cristianismo anônimo”? Se você está falando sobre um tipo de inclusivismo que o qual diriria que são estestes cristianismos anônimo, algum tipo de inclusivismo que é biblicamente aceitável teria que ser extremamente amplo. As pessoas que se dirigiram para acessar a salvação através da revelação geral são muio poucas e distantes entre si, se é que existem. Aqueles que o fazem, talvez você pudesse chamar de cristãos anônimos no sentido em que eles estão salvos pelo sangue de Cristo. Eles não são salvos por suas próprias boas obras, eles não são salvos através de alguma outra religião, eles são salvos somente pela morte expiatória de Jesus Cristo, assim como Jó e melquizedeque foram, embora eles nunca tivessem escutado de Cristo. Podem existir poucas pessoas como eles, mas certamente não estou defendendo nenhum amplo inclusivismo.

Pergunta: Com isto você quer dizer que no fundo não existem ateus de verdade?
Resposta: Esta é realmente uma boa pergunta. Eu penso que uma pessoa só pode ser um ateu suprimindo a revelação geral de Deus e, portanto, eles são moralmente responsáveis. Alvin Platinga, que desenvolveu um modelo de como conhecemos a Deus através de um tipo de senso divino inato, disse que ateus estão com disfunção cognitiva porque se suas faculdades cognitivas estivessem funcionando corretamente eles acreditariam em Deus. Isto não me parece correto. Como resultado da supressão intencional de parte daqueles que conhecem a Deus mas recusam honrá-lo como Deus, isto resulta em uma espécie de trevas da mente. Estas pessoas em suas trevas intelectuais podem sinceramente acreditar que Deus não existe. Não estou sugerindo que ateus são dissimulados, que eles no fundo acreditam, mas estão fingindo.  Não estou sugerindo isto. Estou dizendo que suas trevas intelectuais é uma disfunção cognitiva que eles têm trazido sobre si mesmo por suprimir a verdade que é evidente para eles.

Pergunta: Você acha que existe uma transição suave da revelação geral para Cristo?
Resposta: Quando você pensa sobre revelação geral, o que você quer dizer? Está nos dando um tipo de monoteísmo genérico ou geral que seria aceitável para o Mulçumano, o Judeu, o Cristao, para deístas (que acreditam apenas no Deus da natureza); existem inclusive algumas formas de Hinduismo que são monoteístas. Assim, não existe discriminação entre nenhum destes. Isto de daria um tipo de monoteísmo, mas você ainda não teria como responder “Por que pensar que este Deus da criação se revelou na pessoa de Jesus?”. Mesmo assim tenho que dizer que existe muito que a a revelação geral exclui. Politeísmo, ateísmo, dao[ismo, muitas formas de Hinduísmo, Budismo, Confucionismo – todos aqueles estão incluídos porque eles não tem nenhum espaço para um Deus pessoal, criador do universo que é fonte absoluta de valores morais e tem uma lei moral que todos nós estamos obrigado a obedecer. Isto limita as grandes religiões do mundo apenas a estas tradições monoteístas. É um longo caminho para seguir até o cristianismo teísta, mas obviamente não é o caminho completo.

Pergunta: Você acha que ser salvo através da revelação geral só pode ser aplicada ao Antigo Testamento?
Resposta: Vamos falar se estas figuranas estao ou não exclusivamente no Antigo Testamento. Veja, a dificuldade aqui é que a transição da antiga para a nova alicança toma lugar gradualmente na história como o Evangelho vai para todo o mundo. Se você voltar ao primeiro século, apenas poucas pessoas no inicio tinham escutado sobre a nova aliança, as que vivam pessoas viviam na bacia do Mediterrâneao. Porém, os povos vivendo na América do Sul e no Ártico, no Canadá, não tinham ouvido – ou pessoas na China. Em poucos séculos mais a mensagem tinha se espalhado para muitas pessoas, e mais povos foram tomando consciência  da nova aliança. Atualmente ainda existe entre 15% a 25% da população mundial que ainda não escutaram o Evangelho nenhum uma primeira vez. Oara esta minoria da população do mundo, eles em um sentido, ainda encontram-se neste relacionamento da antiga aliança com Deus ou finalmente, no relacionamento que pessoas como Jó e Melquizedeque estavam, onde eles sabem que existe um Deus Criador do universo, mas náo escutaram o Evangelho de Cristo ou talvez mesmo o evangelho do Antigo Estamento. Parece-me que existe um tipo de progressão histórica que toma luar, que você não pode dizer que quando Cristo veio esta função da revelação geral cessou imediatamente. Parece que seria algo que realizado aos poucos com pessoas que permaneceram em estdo de ignorância, o qual muitas pessas no munto inda estão.

Pergunta: A salvação deles estaria baseada no que eles adoram na natureza?
Resposta: Não! Não quero ser mal compreendido nisto. Eles não são salvos com base no que eles adoram consciente em suas religiões ou porque adoram a natureza. Deus me livre! Isto é exatamente o posto do que eu quero dizer. Eles também não podem aderir ao código moral. Não é salvação pelas obras. Em vez disso imagine algum índio americano nativo vivendo sobre os Grandes planos durante o quinto século antes de Cristo. Eles olham paa as estrelas a noite e a complexidade da natureza ao redor deles, e eles sentem que tudo isto foi feito por um grande espírio. E eles olham em seus coracoes e sentem que o grande espírito escrever sua lei moral ali, falando a eles que todos os homems são irmãos e que deveríamos viver em amor uns para com os outros. Mas, suponha que eles reconhececem que falaram em fazer isto, que eles sentem em seus coracoes o egoísmo, ódio, que eles ofenderam seus irmãos e que eles não adoram o grande espírito. Em desespero eles se atiram à misericórdia do grande espírito, começando pelo perdão e limpeza mora, e dizendo “eu falhei com você! Por favor, me perdõe!”, isto me parece o tipo de fé corresponde a revelação geral que muito semelhante a fé que corresponde ao Evangelho, quando o escutamos. Mas, eles não escutaram o Evangelho, sua fé corresponde a informação que Deus lhes Deus. Parece que Romanos 2:7 suere que Deus honrará este tipo de fé, e aplicará a ele os benefícios da morte de Cristo. Mas, outra vez quero rapidamente dizer que não sou otimista de que existam muitos povos como este.

Pergunta: Você concorda com Peter Kreeft de que Sócrates foi um Cristão, uma vez que ele foi um pesquisador da verdade e Cristo é a verdade?
Resposta: Eu não sei o suficiente sobre Sócrates. Penso que Peter Kreeft e mais otimista que eu sobre a eficácia da revelação geral. Espero que alguém como Aristóteles ou Sócrates possa ser salvo. Mas, não penso que sabemos o bastante sobre seus corações para sermos capaz de julgar se eles foram genuínos pesquisadores da verdade que foi concedida a Salvaçao de Deus. Em geral, penso que não estou otimista.



Relação da Revelação Geral com os argumentos para existência de Deus

Permitam-se dizer algo sobre o ponto 4 em destaque – a relação da revelação geral com os argumentos para a existência de Deus. Aqueles que estão interessados em apologética sabem, uma das subseções importantes da apologética é a teologia natural. Teologia natural tenta dar argumentos ou evidencias para a existência de Deus à parte das fontes de autoridade especial da revelação divina. Existe o argumento do design, por exemplo, ou o argumento cosmológico, ou o argumento moral para a existência de Deus que desempenham o papel no projeto da teologia natural.  A questão que estou trazendo aqui é: qual é a relação entre a revelação geral e o argumento para a existência de Deus de que falam os filósofos e teólogos naturais?

A questão aqui se resume a como deveríamos entender a revelação geral como descrit em Romanos 1 e 2. Isto é, a crença em Deus em resposta a reveraçao geral é uma inferência ou mais como uma percepção? O que eu quero dizer com isso? Uma inferência seria extrair uma conclusão de muitas premissas. Você olharia para a evidência e e contempla que evidente, então inferiria uma conclusão com base na evidência. Por contraste, na percepção você não infere algo, você apenas vê. Por exemplo, minha crença de que existem outras pessoas nesta sala não é uma inferência. Eu não sigo “Estou tendo esta experiência visual, e os fótons estão agindo sobre as minhas retinas de modo a me fazer ver as pessoas lá fora, e provavelmente essas impressões são verdadeiras e, portanto, eu posso concluir que existem outras pessoas na sala”. De modo algum, isto não é uma inferência. Ao contrário, eu apenas vejo que existem outras pessoas na sala. Isto é apenas uma percepção. E a questão é, a revelação geral é uma inferência – que as pessoas vêem as obras ou digitais de Deus na criação e inferem: “Ah! Deve haver um Deus!”? Ou é mais como uma percepção – você olha o mundo e apenas vê que “isto é feito por Deus” ou “Deus está me convencendo do pecado”, ou algo do tipo?

Permitam-me olhar um pouco mais de perto para a passagem em Romanos 1 e tentar dar algumas respostas para esta questão. Quando Paulo diz em Romanos 1:2 “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis” , você tem ali um tipo de trocadilho com a natureza da percepção. Por um lado ele diz que a natureza de Deus é invisível, isto é, impecptível, e então ele diz que esta natureza imperceptível é percebida nas coisas que foram criadas! Existe uma espécie de ironia onde a natureza invisível de Deus é vista. Como? Ela é vista através das coisas criadas. Mas no grego, o que Paulo diz seria traduzido como “as coisas invisíveis são percebidas através do reflexo das coisas criadas”. Isto é, pelo reflexo das coisas criadas que vemos as coisas invisíveis de Deus.

Mais ainda, A palavra ali para “eterno” poder é aidios (que significa eterno). Esta é uma palavra muito rara no Novo Testamento; ela aparece apenas duas vezes em todo o Novo Testamento. É uma palavra que vem da filosofia grega que mostraria as conexões dos debates de Paulo com o tipo de teologia natural feita pelos filósofos gregos. Outra indicação disto seria a palavra para “natureza divina”, theotes, palavra que não aparece em lugar algum no Novo Testamento. Este é o único lugar em todo o Novo Testamento onde theotes aparece. Mas este é novamente um termo filosófico grego para a natureza divina, o qual parece sugerir a ligação entre os debates de Paulo e o tipo de teologia natural que ocorreu entre os filósofos gregos.

O que é especialmente interessante, entretanto, é a comparação de Romanos 1 com um texto apócrifo judeu chamado A Sabedoria de Salomão. Este é um livro que, embora seja parte dos apócrifos católicos, não está na Bíblia protestante. Ele não foi escrito por Salomão, mas é um trabalho pseudografado, isto é, escrito sob seu some. No capítulo 13 do livro A Sabedoria de Salomão temos uma discussão muito interessante de como as pessoas podem dizer que Deus existe apenas através da criação ao redor de si. Penso que é muito claro que é pelo raciocínio -que eles fazem isto. Permitam-me ler os versos 1-9 da Sabedoria de Salomão:
Pois todos os homens que ignoram a Deus são tolos por natureza; são incapazes de fazer o bem [.........], nem reconheceram o artesão enquanto lançava atenção para sua obra; Mas eles supunham que ou o fogo, ou o vento ou o circulo das estrelas, ou as águas turbulentas, ou os luminares do céu eram os deuses que regem o mundo. Se por se deleitar na beleza dastas coisas os homens supõem ser deuses, fazei-os saber quão melhor que estes é o Senhor, pois o autor da beleza os criou. E se os homens se maravilham com o seu poder e obras, fazei-os perceber quão mais oderoso é aquele que os criou. Pois da beleza e grandeza das coisas criadas vem uma correspondente percepção de seu Criador. No entanto, esses homens são pouco para serem culpados, pois talvez eles se extraviaram enquanto buscamos a Deus e desejando encontrá-lo. Por quanto, vive entre suas obras, eles continuam procurando, e eles confiam que vêem, porque as coisas que são vistas são belas. Mais uma vez, nem mesmo eles são para ser dispensado; pois se eles tinham o poder de saber tanto que eles poderiam investigar o mundo, como é que eles não conseguem encontrar mais cedo o Senhor destas coisas.
Nesta passagem você tem um trecho que soa como Romanos 1. Ele fala sobre como as pessoas adoram e servem as coisas criadas que eles vêem ao redor de si, em lugar de Deus. Ele diz que embora isto seja compreensível, pois estas coisas são belas e admiráveis, mesmo assim no final o autor diz que as pessoas não são desculpadas por adorar aquelas coisas criadas porque se eles possuem tal inteligência para investigar o mundo, eles deveriam ter também visto que Deus existe como autor destas coisas. Novamente, no verso 5 ele fala de uma grandeza e beleza das coisas criadas, eles podem inferir que existe um Criador destas coisas. Parece que quando você entende Romanos 1 neste contexto histórico, podemos defender que Paulo está endossando aqui o projeto da teologia natural. Ele está falando sobre a criação ao redor de nós, as pessoas podem facilmente inferir que exite um Deus criador do universo perante quem somos moralmente responsáveis e, de fato, se eles falham em fazer isto, esta inferência é tão simples, tão óbvia, que eles são indesculpáveis por não o fazer.

Em apoio a isto leia Atos 14:17. Paulo e Barnabé chagam a Listra, e o povo começa a adorar Paulo e Barnabé como deuses que vieram dos céus. Em atos 14:17 Paulo diz “Deus não se deixou a si mesmo sem testemunhas, pois ele fez o bem dando-vos chuvas e tempos frutíferos, satisfazendo seus corações com alimento e alegria”. O que Paulo esta dizendo aquie é que eles não deveriam adorar Barnabé e Paulo, que eram apenas meros homens, meras criaturas. Ao contrário, ele diz que o Deus vido que fez os céus e a terra não se deixou sem testemunhas. E quem é esta testemunha? Ela é a ordem da natureza com os tempos frutíeros e tudo quanto testitiva de sua existência.

Como deveríamos entender a relação entre a revelação geral e a teologia natural? A revelação geral não é teologia natural. A revelação geral não é idêntica aos argumentos para a existência de Deus. A revelação geral, ao contrário, são os traços do criador na criação. São como as digitais do oleiro na argila, ou os traços reveladores do pincel que permite você saber que isto é um Rembrandt, quando você olha para uma pintura. Estes são os traços do autor no seu produto criado. Isto é o que a revelação geral é. A teologia natural é uma formulação humana de argumentos que tentam expressar esta iluminação. Ela usa dados da revelação geral para construir argumentos humanos e concluir que Deus existe. Assim, a teologia natural é um produto humano. Ela é falha. Argumentos para a existência de Deus são revistos todo o tempo. Eles estão em constante construção. Embora não serja idêntico a revelação geral, está intimamente relacionado a ela, já que a revelação geral razoalvelmente envolve um tipo de inferência do produto criado para o criador como seu autor.


Discussão

Pergunta: Quando foi escrita A Sabedoria de Salomão?
Resposta: Esta é uma obra interessante. É um livro helenístico escrito em linguagem grega, assim, náo é genuinamente de Salomão; porém, mesmo assim representa a cultura na qual Paulo escreveu Romanos 1.

Pergunta: Existem muitos que dizem que Paulo em Romanos 1 estava fazendo referência a Sabedoria de Salomão.

Resposta: Sim, eu não vejo uma impossibilidade total que Paulo possa ter conhecido esta obra. Ou seja, as conexões literárias são tão próximas na similaridade verbal que eu poderia imaginar que Paulo tinha lido este capítulo em Sabedoria de Salomão e aqui em sua carta aos Romanos expressou a mesma ideia. 


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