Doutrina da Revelação
(parte 2)
Texto: William Craig
Tradução: Jackson
Leal (Os fragmentos em vermelho indicam os trechos que tive dificuldade ou
não consegui apresentar uma tradução adequada)
Começamos na última vez discutindo os dois diferentes
conceitos do que a revelação é – um conceito amplo e um conceito limitado ou
mais restrito. Em sentido amplo “revelação” significa uma comunicação vinda de
Deus. Isto é, algum tipo de palavra ou comunicação que veio de Deus falando
algo para nós. Em um sentido estrito “revelação” significa o desvendar de algo
escondido, o descobrir de algo desconhecido. É importante manter esses dois
sentidos distintos porque enquanto a Bíblia é uma revelação no primeiro
sentido, e a descoberta de Deus na natureza é revelação neste primeiro sentido
(ou seja, uma comunicação da parte de Deus), nem toda a Bíblia é uma revelação
naquele sentido estrito, ou seja, um desvendar de algo desconhecido ou
previamente escondido. A profecia poderia ser um exemplo disso; o Livro de
Apocalipse no novo testamento seria um exemplo disso.
Porém, muito da Bíblia,
como as cartas de Paulo a Filemon, não é uma descoberta de algo oculto, de uma
informação secreta de Deus e, portanto, não é uma revelação naquele sentido
estrito, embora o seja em um sentido geral e amplo.
Agora, em acréscimo àquela distinção concernente a definição
de “revelação”, eu também faço uma distinção sobre dois tipos de revelação.
Isto é diferente da definição. A definição de “revelação” é entre ampla e
estrita. Mas, existem dois tipos de revelação: geral e especial. Expliquei que
a revelação é geral em dois sentidos. Primeiro, ela provê informação sobre Deus
que está geralmente disponível para todas as pessoas na história humana,
independentemente do tempo e lugar no qual vivemos, está geralmente disponível.
Também é geral em um segundo sentido, a saber, é uma informação geral sobre
Deus. Não nos diz que Deus é uma Trindade, não nos diz que Jesus Cristo morreu
na cruz por nossos pecados. Ela é geral no sentido que nos diz que existe um
Deus Criador do universo que fez o mundo e perante quem somos moralmente
responsáveis, porém, não nos diz muito mais em termos
específicos. Nós vimos que na natureza e na consciência Deus é revelado
deste modo.
Assim, a revelação geral primariamente assumo a forma de uma
descoberta de Deus na natureza – isto é, na criação ao redor de nós – e também
na consciência, como as leis morais de Deus estão escritas nos corações de
todas as pessoas de modo que todos possuem um senso inato de nossa
responsabilidade moral perante Deus e de nossas falhas para viver de acordo com
as exigências da lei moral.
Funções da Revelação
Geral
Chegamos agora ao terceiro ponto de nosso esboço, que é a
função da revelação geral. Para que serve a revelação geral?
1. Para proclamar a gloria de Deus. Antes de tudo, é para
proclamar a gloria de Deus. Salmo 19:1-4
Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das
suas mãos. Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a
outra noite. Não há linguagem nem fala onde não se ouça a sua voz. A sua linha
se estende por toda a terra, e as suas palavras até ao fim do mundo.
Aqui o salmista pensa a criação ao redor de nós,
particularmente os céus e as estrelas e planetas à noite, como proclamando a
gloria de Deus. Não de modo verbal, não existe nenhuma palavra audível falada, e ainda em um sentido desta mensagem do poder e glória
criativa de Deus vai para o mundo inteiro. Assim, uma das funções fundamentais
da revelação geral é proclamar e manifestar a gloria de Deus na Criação.
2. Tornar as pessoas moralmente culpáveis perante Deus. Em
segundo lugar. A revelação geral torna as pessoas culpáveis perante Deus. Eu
quero dizer moralmente culpado ou moralmente responsável. Observe o que Romanos
1:19 e 2:16 diz: “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta,
porque Deus lho manifestou”. Paulo está falando aqui sobre a revelação de Deus
na criação: o que pode ser conhecido sobre Deus é
simples porque Deus o tem mostrado. Então no capítulo 2:15-16 ele diz:
Os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando
juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer
defendendo-os; No dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por
Jesus Cristo, segundo o meu evangelho.
Ali ele diz que o que pode ser conhecido sobre Deus é
evidente através da revelação geral, os homens possuem a lei moral escrita em
seus corações, e no dia do julgamento, quando Deus julgará os segredos dos
corações dos homens, eles serão julgados por sua própria consciência, a qual os
acusará ou desculpará baseado no modo como eles viveram conforme os padrões da
lei moral de Deus.
Sobre a base da revelação geral as pessoas são acusadas
diante deste criador do universo como moralmente culpadas, como pecadores, como
pessoas que estão necessidades se seu perdão e limpeza moral. Jack Cottrell, em
seu livro “O que a Bíblia diz sobre o Deus Criador” tem uma seção sobre esta
função da revelação geral em tornar as pessoas culpáveis perande Deus, a qual
eu lerei para vocês, página 342 em diante:
A Bíblia em lugar algum ensina que uma pessoa pode ser salva
do pecado e condenação através de sua resposta à luz da criação apenas. A
revelação geral simplesmente não nos dá nenhum conhecimento da redenção ou do
redentor. Isto significa que as pessoas são condenadas na conta de sua
ignorância? De modo nenhum. Isto seria muito injusto. Verdade, eles não
conhecem o Evangelho, mas eles não são condenados por não conhecer o Evangelho.
Por que então eles são condenados? Porque eles conhecem a revelação geral e não
tem vivido de acordo com ela. Eles conhecem a Deus, e sabem que deveriam
honrá-lo como Deus e dar graças a Ele, mas eles não fazem isto. Por isso eles
são condenados. Não por causa do que eles ignoram, mas por causa do que eles
sabem. Aqueles que não escutaram o Evangelho está além
desse ponto. Quando uma pessoa é
condenada por seu abuso da revelação geral, a condenação é justa. A revelação
geral nasce somente da obra da criação. Ela é uma revelação de Deus como Criador,
não de Deus como Redentor. Ela fala para o homem como criatura, não como um
pecador. Isto é como foi pretendido que funcionasse
desde o início, e isto é como funciona ainda. Desde o início o homem tem
sido capaz de responder positiva ou negativamente à revelação. Ao responder
positivamente o homem é capaz de evitar a condenação. Ao responder
negativamente o homem coloca-se debaixo da justa condenação de Deus. O fato é
que a humanidade uniformemente responde negativamente e assim, todos são indesculpáveis. Então isto
significa que a revelação geral tem apenas uma função negativa? Que ela é apenas um obstáculo e não um escape? Não,
colocar a questão deste modo é reeditar a falácia de que a revelação não é
função da criação mas de alguma maneira ela tem a intenção proposital para o
mundo pós-queda. O ponto é que a revelação geral não foi destinada a salvar
(positivamente) ou condenar (negativamente). Ela foi intencionada apenas para o
propósito positivo de declarar a glória de Deus, o criador, e dar orientação
geral para as criaturas.
Assim como a função da criação, a função da revelação geral
é proclamar a glória de Deus, manifestar sua existência e sua lei moral para as
criaturas. Ela serve para tornar as pessoas culpáveis diante de Deus, por que
eles não têm vivido de acordo com o padrão da revelação geral pela qual Deus
julgará as pessoas que nunca escutaram o Evangelho de Cristo. Ela provê algumas
respostas para perguntas como “o que dizer sobre aqueles que nunca escutaram o
Evangelho?”. A resposta é que eles serão julgados relativamente com base na
informação que possuem, não com base na informação que nunca receberam. Eles
serão julgados com base na revelação geral. Esta é a informação pela qual eles
são responsáveis, e eles são culpados por falharem em viver de acordo com ela.
3. Tornar a salvação através de Cristo universalmente acessível.
O terceiro ponto é que não me parece que através da revelação geral alguém
possa ter acesso a salvação providenciada por
Cristo. Aqui eu penso que poderia provavelmente divergir um pouco do Professor
Cottrell. Parece-me que através da revelação geral aqueles que nunca escutaram
de Cristo podem ter acesso a salvação que Cristo conquistou na cruz. Veja o que
Romanos 2:6-7 diz: “O qual recompensará cada um segundo as suas obras; a saber:
A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e
incorrupção”. Eu considero ser uma genuína oferta que é estendida para todas as
pessoas em todos os lugares. Se alguém seguir a orientação da revelação geral e
procurar pela glória, honra e imortalidade, Deus dará a ele a vida eterna.
Isto significa que estas pessoas podem ser salvas a parte de
Cristo? Não, de modo algum. Simplesmente significa que os benefícios da morte
expiatória de Cristo seriam aplicados para aquelas pessoas sem que elas tenham
um conhecimento consciente de Cristo. Isto aconteceu todo o tempo no Antigo
Testamente. Veja no Antigo Testamento figura como Jó, Melquisedeque, e
Abimeleque em Gêneses 20. Aqui você tem aqueles que as vezes são chamados
“santos pagãos” do Antigo Testamento. Estas pessoas, quando você lê as
histórias sobre elas, possuem evidentemente um relacionamento pessoal com Deus.
Jó foi claramente um homem que agradava a Deus. Jó foi um homem justo. De modo
semelhante, Melquezedeque foi chamado o sacerdote do Altíssimo.
Abimeleque
recebeu comunicação da parte de Deus, Deus revelou-se para ele. Ainda assim estas pessoas nunca tinham escutado de
Cristo, e eles nem mesmo foram israelitas. Eles nem mesmo eram membros da
antiga aliança, muito menos da nova aliança! Jó era de Ur na Caldéia;
Melquizedeque não foi descendente de Abraão; Abimeleque foi um filisteu. Ainda
assim eles parecem ter respondido à revelação geral reconhecendo que eles eram
pecaminosos e culpados perante o Deus criador do universo e eles se lançaram sobre a misericórdia de Deus, confessando
seus pecados, reconhecendo que eles não tinham como reivindicar justificação
por meio de suas próprias boas obras ou vida santa, mas lançaram-se
completamente na misericórdia deste Deus da criação, e
Deus pode contar os benefícios da morte de Cristo, essa resposta para que
pessoas apelaram para ele.
Embora seja possível, penso que tomamos Romanos 1
seriamente, temos que dizer que não muitas pessoas acessam a salvação por este
modo. Não advogo nenhum tipo de amplo ou largo inclusivismo. Pelo contrário,
penso que Romanos 1 nos dá todas as razões para ser pessimistas, e que poucos,
se houverem, serão salvos através da revelação geral. Veja o que Romanos
1:20-25 diz:
Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu
eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas
coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; Porquanto, tendo
conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em
seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se
sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em
semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de
répteis. Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações,
à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; Pois mudaram a verdade de
Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é
bendito eternamente. Amém.
O restante do capítulo segue falando como Deus entrega as
pessoas ao pecado e como as pessoas se afogam a si mesmo em rebelião e
degeneração moral contra Deus. Por que? Porque eles regeitaram a verdade sobre
Deus que eles conheciam através da revelação geral e em lugar disso, voltaram
para servir a adorar a criatura em lugar do Criador. Embora eu pense que seja
possível para as pessoas terem acesso a salvação que Cristo conquistou na cruz
através da revelação geral, eu sou muito pessimista de que existem muitas
pessoas como estas. Parece que pessoas como Jó, Melquizedeque e Abimeleque
poderiam estar nesta categoria, e eu realmente espero que Aristóteles estejam
nessa categoria. Seria incrível ver Aristóteles no céu algum dia! Mas, não acho
que podemos ter algum tipo de confiança nisto. Pelo contrário, a ineficácia
abismal da revelação geral é um incentivo para a pregação do Evangelho e
iniciativa missionária trazer a revelação especial da palavra de Deus para toda
a humanidade.
4. Estabilizar a sociedade
humana. A quarta função da revelação geral é firmar a sociedade humana. Na base
da revelação geral temos um código moral comum que tende a permear a cultura
humana, e isto proverá um tecido moral para a sociedade que evitará a erupção
da anarquia moral, e cada homem fazer o que é certo aos seus próprios olhos. Sobre
a base da revelação geral temos um tipo de efeito estabilizador que torna a
civilização e sociedade humana possível por prover o código moral básico pelo
qual os seres humanos podem viver.
Assim, a função da revelação geral, então, é primeiramente
(1) proclamar a gloria de Deus; (2) tornar as pessoas culpáveis perante Deus;
(3) prover acesso a salvação para aqueles que nunca escutaram o Evangelho de
Cristo; e (4) estabilizar a sociedade humana.
Discussão
Pergunta: Apenas para esclarecer, você não estar tentendo
para um modelo de cristianismo anônimo?
Resposta: O que você define como “cristianismo anônimo”? Se
você está falando sobre um tipo de inclusivismo que o qual diriria que são
estestes cristianismos anônimo, algum tipo de inclusivismo que é biblicamente
aceitável teria que ser extremamente amplo. As pessoas que se dirigiram para
acessar a salvação através da revelação geral são muio poucas e distantes entre
si, se é que existem. Aqueles que o fazem, talvez você pudesse chamar de
cristãos anônimos no sentido em que eles estão salvos pelo sangue de Cristo.
Eles não são salvos por suas próprias boas obras, eles não são salvos através
de alguma outra religião, eles são salvos somente pela morte expiatória de
Jesus Cristo, assim como Jó e melquizedeque foram, embora eles nunca tivessem
escutado de Cristo. Podem existir poucas pessoas como eles, mas certamente não
estou defendendo nenhum amplo inclusivismo.
Pergunta: Com isto você quer dizer
que no fundo não existem ateus de verdade?
Resposta: Esta é realmente uma boa pergunta. Eu penso que
uma pessoa só pode ser um ateu suprimindo a revelação geral de Deus e,
portanto, eles são moralmente responsáveis. Alvin Platinga, que desenvolveu um
modelo de como conhecemos a Deus através de um tipo de senso divino inato,
disse que ateus estão com disfunção cognitiva porque se suas faculdades
cognitivas estivessem funcionando corretamente eles acreditariam em Deus. Isto
não me parece correto. Como resultado da supressão intencional de parte
daqueles que conhecem a Deus mas recusam honrá-lo como Deus, isto resulta em
uma espécie de trevas da mente. Estas pessoas em suas trevas intelectuais podem
sinceramente acreditar que Deus não existe. Não estou sugerindo que ateus são
dissimulados, que eles no fundo acreditam, mas estão fingindo. Não estou sugerindo isto. Estou dizendo que
suas trevas intelectuais é uma disfunção cognitiva que eles têm trazido sobre
si mesmo por suprimir a verdade que é evidente para eles.
Pergunta: Você acha que existe uma transição suave da
revelação geral para Cristo?
Resposta: Quando você pensa sobre revelação geral, o que
você quer dizer? Está nos dando um tipo de monoteísmo genérico ou geral que
seria aceitável para o Mulçumano, o Judeu, o Cristao, para deístas (que
acreditam apenas no Deus da natureza); existem inclusive algumas formas de
Hinduismo que são monoteístas. Assim, não existe discriminação entre nenhum
destes. Isto de daria um tipo de monoteísmo, mas você ainda não teria como
responder “Por que pensar que este Deus da criação se revelou na pessoa de
Jesus?”. Mesmo assim tenho que dizer que existe muito que a a revelação geral
exclui. Politeísmo, ateísmo, dao[ismo, muitas formas de Hinduísmo, Budismo,
Confucionismo – todos aqueles estão incluídos porque eles não tem nenhum espaço
para um Deus pessoal, criador do universo que é fonte absoluta de valores
morais e tem uma lei moral que todos nós estamos obrigado a obedecer. Isto limita as grandes religiões do mundo apenas a estas
tradições monoteístas. É um longo caminho para seguir até o cristianismo
teísta, mas obviamente não é o caminho completo.
Pergunta: Você acha que ser salvo através da revelação geral
só pode ser aplicada ao Antigo Testamento?
Resposta: Vamos falar se estas figuranas estao ou não
exclusivamente no Antigo Testamento. Veja, a dificuldade aqui é que a transição
da antiga para a nova alicança toma lugar gradualmente na história como o
Evangelho vai para todo o mundo. Se você voltar ao primeiro século, apenas
poucas pessoas no inicio tinham escutado sobre a nova aliança, as que vivam
pessoas viviam na bacia do Mediterrâneao. Porém, os povos vivendo na América do
Sul e no Ártico, no Canadá, não tinham ouvido – ou pessoas na China. Em poucos
séculos mais a mensagem tinha se espalhado para muitas pessoas, e mais povos
foram tomando consciência da nova
aliança. Atualmente ainda existe entre 15% a 25% da
população mundial que ainda não escutaram o Evangelho nenhum uma primeira vez.
Oara esta minoria da população do mundo, eles em um sentido, ainda encontram-se
neste relacionamento da antiga aliança com Deus ou finalmente, no relacionamento
que pessoas como Jó e Melquizedeque estavam, onde eles sabem que existe um Deus
Criador do universo, mas náo escutaram o Evangelho de Cristo ou talvez mesmo o
evangelho do Antigo Estamento. Parece-me que existe um tipo de progressão
histórica que toma luar, que você não pode dizer que quando Cristo veio esta
função da revelação geral cessou imediatamente. Parece que seria algo que
realizado aos poucos com pessoas que permaneceram em estdo de ignorância, o
qual muitas pessas no munto inda estão.
Pergunta: A salvação deles estaria baseada no que eles
adoram na natureza?
Resposta: Não! Não quero ser mal compreendido nisto. Eles
não são salvos com base no que eles adoram consciente em suas religiões ou
porque adoram a natureza. Deus me livre! Isto é exatamente o posto do que eu
quero dizer. Eles também não podem aderir ao código moral. Não é salvação pelas
obras. Em vez disso imagine algum índio americano nativo vivendo sobre os
Grandes planos durante o quinto século antes de Cristo. Eles olham paa as
estrelas a noite e a complexidade da natureza ao redor deles, e eles sentem que
tudo isto foi feito por um grande espírio. E eles olham em seus coracoes e
sentem que o grande espírito escrever sua lei moral ali, falando a eles que
todos os homems são irmãos e que deveríamos viver em amor uns para com os
outros. Mas, suponha que eles reconhececem que falaram em fazer isto, que eles
sentem em seus coracoes o egoísmo, ódio, que eles ofenderam
seus irmãos e que eles não adoram o grande espírito. Em desespero eles se atiram
à misericórdia do grande espírito, começando pelo perdão e limpeza mora, e
dizendo “eu falhei com você! Por favor, me perdõe!”, isto me parece o tipo de
fé corresponde a revelação geral que muito semelhante a fé que corresponde ao
Evangelho, quando o escutamos. Mas, eles não escutaram o Evangelho, sua fé
corresponde a informação que Deus lhes Deus. Parece que Romanos 2:7 suere que
Deus honrará este tipo de fé, e aplicará a ele os benefícios da morte de
Cristo. Mas, outra vez quero rapidamente dizer que não sou otimista de que
existam muitos povos como este.
Pergunta: Você concorda com Peter Kreeft de que Sócrates foi
um Cristão, uma vez que ele foi um pesquisador da verdade e Cristo é a verdade?
Resposta: Eu não sei o suficiente sobre Sócrates. Penso que
Peter Kreeft e mais otimista que eu sobre a eficácia da revelação geral. Espero
que alguém como Aristóteles ou Sócrates possa ser
salvo. Mas, não penso que sabemos o bastante sobre seus corações para sermos
capaz de julgar se eles foram genuínos pesquisadores da verdade que foi
concedida a Salvaçao de Deus. Em geral, penso que não estou otimista.
Relação da Revelação
Geral com os argumentos para existência de Deus
Permitam-se dizer algo sobre o ponto 4 em destaque – a relação
da revelação geral com os argumentos para a existência de Deus. Aqueles que estão
interessados em apologética sabem, uma das subseções importantes da apologética
é a teologia natural. Teologia natural tenta dar argumentos ou evidencias para
a existência de Deus à parte das fontes de autoridade
especial da revelação divina. Existe o argumento do design, por exemplo, ou o argumento cosmológico, ou o argumento
moral para a existência de Deus que desempenham o papel
no projeto da teologia natural. A
questão que estou trazendo aqui é: qual é a relação entre a revelação geral e o
argumento para a existência de Deus de que falam os filósofos e teólogos
naturais?
A questão aqui se resume a como deveríamos entender a revelação
geral como descrit em Romanos 1 e 2. Isto é, a crença em Deus em resposta a
reveraçao geral é uma inferência ou
mais como uma percepção? O que eu
quero dizer com isso? Uma inferência seria extrair uma conclusão de muitas
premissas. Você olharia para a evidência e e contempla que evidente, então inferiria
uma conclusão com base na evidência. Por contraste, na percepção você não infere
algo, você apenas vê. Por exemplo, minha crença de que existem outras pessoas
nesta sala não é uma inferência. Eu não sigo “Estou tendo esta experiência visual,
e os fótons estão agindo sobre as minhas retinas
de modo a me fazer ver as pessoas lá fora, e provavelmente essas impressões são
verdadeiras e, portanto, eu posso concluir que existem outras pessoas na sala”.
De modo algum, isto não é uma inferência. Ao contrário, eu apenas vejo que
existem outras pessoas na sala. Isto é apenas uma percepção. E a questão é, a revelação
geral é uma inferência – que as pessoas vêem as obras ou digitais de Deus na criação
e inferem: “Ah! Deve haver um Deus!”? Ou é mais como uma percepção – você olha
o mundo e apenas vê que “isto é feito por Deus” ou “Deus está me convencendo do
pecado”, ou algo do tipo?
Permitam-me olhar um pouco mais de perto para a passagem em
Romanos 1 e tentar dar algumas respostas para esta questão. Quando Paulo diz em
Romanos 1:2 “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto
o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem
pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis” , você tem
ali um tipo de trocadilho com a natureza da percepção. Por um lado ele diz que
a natureza de Deus é invisível, isto é, impecptível, e então ele diz que esta
natureza imperceptível é percebida nas coisas que foram criadas! Existe uma
espécie de ironia onde a natureza invisível de Deus é vista. Como? Ela é vista através
das coisas criadas. Mas no grego, o que Paulo diz seria traduzido como “as
coisas invisíveis são percebidas através do reflexo das coisas criadas”. Isto
é, pelo reflexo das coisas criadas que vemos as coisas invisíveis de Deus.
Mais ainda, A palavra ali para “eterno” poder é aidios (que significa eterno). Esta é
uma palavra muito rara no Novo Testamento; ela aparece apenas duas vezes em
todo o Novo Testamento. É uma palavra que vem da filosofia grega que mostraria
as conexões dos debates de Paulo com o tipo de teologia natural feita pelos
filósofos gregos. Outra indicação disto seria a palavra para “natureza divina”,
theotes, palavra que não aparece em
lugar algum no Novo Testamento. Este é o único lugar em todo o Novo Testamento
onde theotes aparece. Mas este é
novamente um termo filosófico grego para a natureza divina, o qual parece
sugerir a ligação entre os debates de Paulo e o tipo de teologia natural que ocorreu entre os filósofos gregos.
O que é especialmente interessante, entretanto, é a comparação
de Romanos 1 com um texto apócrifo judeu chamado A Sabedoria de Salomão. Este é um livro que, embora seja parte dos
apócrifos católicos, não está na Bíblia protestante. Ele não foi escrito por Salomão,
mas é um trabalho pseudografado, isto é, escrito sob seu some. No capítulo 13
do livro A Sabedoria de Salomão temos
uma discussão muito interessante de como as pessoas podem dizer que Deus existe
apenas através da criação ao redor de si. Penso que é muito claro que é pelo
raciocínio -que eles fazem isto. Permitam-me ler os versos 1-9 da Sabedoria de Salomão:
Pois todos os homens que ignoram a Deus são
tolos por natureza; são incapazes de fazer o bem [.........], nem reconheceram
o artesão enquanto lançava atenção para sua obra; Mas eles supunham que ou o
fogo, ou o vento ou o circulo das estrelas, ou as águas turbulentas, ou os
luminares do céu eram os deuses que regem o mundo. Se por se deleitar na beleza
dastas coisas os homens supõem ser deuses, fazei-os saber quão melhor que estes
é o Senhor, pois o autor da beleza os criou. E se os homens se maravilham com o
seu poder e obras, fazei-os perceber quão mais oderoso é aquele que os criou.
Pois da beleza e grandeza das coisas criadas vem uma correspondente percepção de
seu Criador. No entanto, esses homens são pouco para serem culpados, pois
talvez eles se extraviaram enquanto buscamos a Deus e desejando encontrá-lo.
Por quanto, vive entre suas obras, eles continuam procurando, e eles confiam que
vêem, porque as coisas que são vistas são belas. Mais uma vez, nem mesmo eles
são para ser dispensado; pois se eles tinham o poder de saber tanto que eles
poderiam investigar o mundo, como é que eles não conseguem encontrar mais cedo
o Senhor destas coisas.
Nesta passagem você tem um trecho que soa como Romanos 1.
Ele fala sobre como as pessoas adoram e servem as coisas criadas que eles vêem
ao redor de si, em lugar de Deus. Ele diz que embora isto seja compreensível,
pois estas coisas são belas e admiráveis, mesmo assim no final o autor diz que
as pessoas não são desculpadas por adorar aquelas coisas criadas porque se eles
possuem tal inteligência para investigar o mundo, eles deveriam ter também
visto que Deus existe como autor destas coisas. Novamente, no verso 5 ele fala
de uma grandeza e beleza das coisas criadas, eles podem inferir que existe um
Criador destas coisas. Parece que quando você entende Romanos 1 neste contexto
histórico, podemos defender que Paulo está endossando aqui o projeto da
teologia natural. Ele está falando sobre a criação ao redor de nós, as pessoas
podem facilmente inferir que exite um Deus criador do universo perante quem
somos moralmente responsáveis e, de fato, se eles falham em fazer isto, esta
inferência é tão simples, tão óbvia, que eles são indesculpáveis por não o
fazer.
Em apoio a isto leia Atos 14:17. Paulo e Barnabé chagam a
Listra, e o povo começa a adorar Paulo e Barnabé como deuses que vieram dos
céus. Em atos 14:17 Paulo diz “Deus não se deixou a si mesmo sem testemunhas,
pois ele fez o bem dando-vos chuvas e tempos frutíferos, satisfazendo seus corações
com alimento e alegria”. O que Paulo esta dizendo aquie é que eles não deveriam
adorar Barnabé e Paulo, que eram apenas meros homens, meras criaturas. Ao contrário,
ele diz que o Deus vido que fez os céus e a terra não se deixou sem
testemunhas. E quem é esta testemunha? Ela é a ordem da natureza com os tempos
frutíeros e tudo quanto testitiva de sua existência.
Como deveríamos entender a relação entre a revelação geral e
a teologia natural? A revelação geral não é teologia natural. A revelação geral
não é idêntica aos argumentos para a existência de Deus. A revelação geral, ao
contrário, são os traços do criador na criação. São como as digitais do oleiro
na argila, ou os traços reveladores do pincel que permite você saber que isto é
um Rembrandt, quando você olha para uma pintura. Estes são os traços do autor
no seu produto criado. Isto é o que a revelação geral é. A teologia natural é
uma formulação humana de argumentos que tentam expressar esta iluminação. Ela usa
dados da revelação geral para construir argumentos humanos e concluir que Deus
existe. Assim, a teologia natural é um produto humano. Ela é falha. Argumentos
para a existência de Deus são revistos todo o tempo. Eles estão em constante
construção. Embora não serja idêntico a revelação geral, está intimamente
relacionado a ela, já que a revelação geral razoalvelmente envolve um tipo de
inferência do produto criado para o criador como seu autor.
Discussão
Pergunta: Quando foi escrita A Sabedoria de Salomão?
Resposta: Esta é uma obra interessante. É um livro
helenístico escrito em linguagem grega, assim, náo é genuinamente de Salomão;
porém, mesmo assim representa a cultura na qual Paulo escreveu Romanos 1.
Pergunta: Existem muitos que dizem que Paulo em Romanos 1
estava fazendo referência a Sabedoria de
Salomão.
Resposta: Sim, eu não vejo uma impossibilidade total que
Paulo possa ter conhecido esta obra. Ou seja, as conexões literárias são tão próximas
na similaridade verbal que eu poderia imaginar que Paulo tinha lido este
capítulo em Sabedoria de Salomão e
aqui em sua carta aos Romanos expressou a mesma ideia.
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